quarta-feira, 23 de junho de 2010

Texto explorado em sala de aula

Copa do Mundo


Quando o juiz apitar dando início à Copa do Mundo, no dia 11 de junho, a África do Sul será o centro das atenções. Marcada historicamente pelo regime do Apartheid - vigente de 1948 a 1994- que segregou social, política e economicamente os negros, a nação foi o palco de uma importante virada. Hoje todos, não importa a cor, erguem juntos o país mais rico do continente. Só na construção de cinco estádios e na infraestrutura das cidades que receberão as partidas, o governo investiu 1,1 bilhão de dólares. A África do Sul, é importante destacar, não é o único país em desenvolvimento na região.

Já é senso comum imaginar a África apenas como um conglomerado de países cobertos por vastas áreas abrigando animais selvagens, populações que sofrem com a miséria, economias falidas e governos corruptos. De fato, isso tudo ainda existe por lá, mas não pode representar o retrato de um continente tão grande e variado. Os dados mostram mudanças: a população é cada vez mais urbana, o número de países democráticos aumentou e existem diversas economias em crescimento. O mundo todo está de olho. Não é à toa, portanto, que o continente esteja sediando pela primeira vez um evento tão esperado pelo público e que movimenta bilhões de dólares.

Uma história rica e pouco conhecida.

Na escola que segue a perspectiva eurocêntrica, a África costuma a ser citada quando o tema é o surgimento do homem. De fato, é lá que estão os primeiros registros de vida humana. Fora isso, o continente só volta a ser novamente iluminado quando se trata das grandes navegações européias. Como se nesse intervalo nada tivesse ocorrido por lá. Essa maneira de pensar prevaleceu entre os pensadores por muito tempo. O filósofo Friedrich Hegel (1770-1831), por exemplo, afirmou que “ a África não tem interesse histórico próprio, senão o de que os homens vivem ali na barbárie e na selvageria, sem fornecer nenhum elemento à civilização”. A concepção de que o continente tem um passado começou a ganhar força em meados do século XX. Com a independência de diversos países da região, os africanos passaram a pesquisar e divulgar sua história. Veja a seguir exemplos que comprovam o desenvolvimento desses povos:

Político

Constituído no século XIV, o Reino do Congo era organizado em aglomerados populacionais que funcionavam com capitais regionais, além de uma central. A impressionante estrutura do reino despertou o interesse dos portugueses, que quiseram manter relações comerciais com ele.

Social

Um dos primeiros impérios de que se tem notícia na África subsaariana é o do Mali. Nos anos 800, época dos ataques bárbaros à Europa, seus habitantes já viviam em cidades. Tombuctu, a mais famosa, funcionava como um ponto de descanso das caravanas que atravessavam o Saara.

Cultural

A escrita é mais um fator citado quando se fala em desenvolvimento da região. E ela não se resume aos hieróglifos egípcios. Outro exemplo africano é o alfabeto do Reino Bamum, no atual Camarões, desenvolvido no século XVIII. Até então, o histórico do povo era preservado pela tradição oral.

Comercial

Antes do contato com os europeus, os africanos faziam negócios com os árabes e indianos. Veleiros desses dois povos já navegavam no oceano Índico por volta de 1200, época em que o tráfego na costa atlântica ainda era insignificante.

Por razões como estas, é preciso entender que os africanos são protagonistas de sua história. “Não se pode dizer que são apenas explorados e subdesenvolvidos culturalmente”, diz Amailton de Azevedo.

ESCOLA NOSSA SENHORA ESTRELA DO MAR